sábado, 30 de outubro de 2010

O Dia Em Que Compramos Um Berço

Levanto cedo
durmo tarde
tenho pesadelos
sonhos bons pela metade

Pego meu terço
todas às seis da manhã
Enquanto anjos
entoam júbilos

Todo esse tempo em que estive ausente
Agonizei a tua falta
lentamente...
Cada um tem sua chance de enlouquecer
tive a minha
quis você

Eu não aceito 
só o teu apreço
quem sabe um dia...
compraremos um berço

Avesso

Eu só vim até aqui 
para te falar
sinto que as coisas mudaram de lugar
Nem tudo agora está
como você deixou antes
dentro de mim

Agora tô assim
sem ter pra onde ir
Confuso em um mundo
que eu mesmo planejei

Eu me dediquei
pra que nunca acontecesse
nenhuma má sorte
Sei que tu é forte
mas quem é que pode
suportar  toda dor de fim

Você que não merece
sentir o que é avesso
Sem reciprocidade
sem retorno a mais que apreço

Você bem reconhece
e vê que não sou mais o mesmo
Quem te fez sonhar
hoje te acorda
com um beijo de adeus

Tente dormir agora
e quando acordar
tente imaginar
que tudo não passou
de um sonho curto e bom
Que só acabou
antes de chegar ao final

A Ponte

Vamos com calma
que tudo vai se encaixar
na hora certa , em cada peça
Cada coisa no lugar
onde a gente imaginou que iria estar

Se quer o fim sem um começo
Como saberemos se não vai dar
sem tentar...

Então deixe o destino
te buscar aonde quer que esteja
fará a ponte...

Calma
não precisa ser assim
Passando por cima de tudo
não pode atravessar o muro

Se tem que lutar
é preciso cair de estar ferido
recomeçar
Porque toda a vitória
só obterá a glória de vencer
após o sofrer...

Então deixe o destino
te buscar aonde quer que esteja
fará a ponte...
por todos os caminhos
Até um horizonte
e tudo que se deseja
bem pra lá se esconde

Não deixe de acreditar
por maior que seja  a tua lucidez
ou quão tolo pareça
Deixe que o destino fará a ponte...

Deixe que o destino fará a ponte...


Felicidade

Foram tantas as marcas
que ficaram em mim
Se o tempo não apaga
toda dor de fim

As sombras do passado
escurecendo meu dia
Sob os olhos manchados
de águas sem fim

Rega o meu rosto
seco, infértil
fragmentado...

Deixe estar
eu vou ficar
sozinho com o mundo
Pra que a chance
de tentar recomeçar
se a felicidade dura um segundo

Rio e Mar

Tudo que eu queria ser
eu fui um pouquinho
Já provei do amargo
e do doce vinho

Fui de culpado a mocinho
em meio a paixões, ambições, fantasias...
Foi bom, foi ruim
teve só começo
e às vezes fim

Vou levando alguns espinhos
que ficam cravados no peito
De repente a sensação estranha
de não ter feito direito

E eu vou chegar
como quero chegar
Sem forjar o destino
como corre o rio
pra encontrar e abraçar
o mar...

Anjo

Quando ela passou
tudo mudou
flores por onde pisou

E quando ela me olhou
longe tocou
tudo em volta parou

Ela se foi
será que vai voltar?
Seja quando ou nunca for
eu vou sempre esperar

Quando ela se foi
me deu um oi
tipo até logo ou não mais

Mas vejo o teu andar
não canso de lembrar
não sai do meu pensamento

Onde andarás
não vejo mais o brilho do farol
A luz dos seus olhos
se perdeu nas ondas
não posso voltar

Um anjo...
será que foi real?
Só sei que eu nunca vi um rosto mais lindo
e ainda sinto um encanto no ar

Um anjo...
eu sei foi real

Então vou brincar
de te ter em meus sonhos
E quando a chuva parar
vou sentir perto de novo

Depois de pintar
um beijo em seu pescoço
A lua vai embora
e eu volto pra cama na hora
de acordar...